quinta-feira, 29 de abril de 2010

Bárbara doçura

Pulei das cadeiras para a quadra, a multidão foi se aproximando do palco, todos embasbacados. De repente, ali, na minha frente, os pés de Maria Betânia, olhei-a diretamente nos olhos e ela sorriu para mim. Acredite se quiser, eu vou morrer jurando que Betânia sorriu para mim naquela noite. Meu olho espichava para o lado e lá estava Gil, com uma malha branca colada ao corpo, rebolando, saltitando, sem sonhar que algum tempo depois estaria preso em Floripa por conta da erva. Gal era uma escultura de feromônio sobre o palco, colares, umbigo e reentrâncias só imaginadas. Caetano, que nem sonhava cair em Brasília, fazia seus trejeitos num banquinho, ainda não era uma neguinha. O adolescente que fui um dia não esquece daquela noite, tão perto dos bárbaros baianos invadindo, com amor no coração, o Ginásio de Esportes. Juntara uma grana esperando esse show e não perdi um segundo sequer da apresentação. Hoje, quando vejo a superprodução de qualquer espetáculo, vejo como era milagroso aquele show de 1976, sem grandes luzes, sem grandes amplificadores, apenas a história da música popular brasileira desfilando diante dos meus olhos extasiados... quero ser sempre menino, ah são joão, xangô, menino.

São João, Xangô menino (Doces bárbaros)
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http://www.youtube.com/watch?v=0-ajY7s5NwU

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