Drummond tem um poema intitulado “Infância”, dedicado a seu grande amigo Abgar Renault, que conclui dizendo não saber, quando criança, que sua vida era mais bonita que a história de Robinson Crusoé. Engraçado como nossa vida realmente oferece uma beleza que raramente nos damos conta. Há certas passagens, em nossa caminhada, que dariam ótimas cenas no cinema e dificilmente nos percebemos disso. Lembro especificamente de um desses quadros inesquecíveis. Em 1982, num Festival de Música, dos vários que participamos, perdemos mais uma vez a competição. Era um evento em que havíamos investido um pouco mais de esforço, até mesmo ensaio tínhamos realizado e olhe que para aquela Bandanarquia (a única banda a honrar o nome) ensaiar era sempre um parto a fórceps. Silêncio! Gravando: A eliminação precoce do festival, todos saindo em silêncio do local do evento, cabisbaixos, carregando os instrumentos e o orgulho mais uma vez ferido. Pense nessa cena, em close o rosto de cada um, a câmera se afastando do grupo e seus instrumentos, só os passos são ouvidos e de repente o Zé começa a dedilhar uma velha canção dos Beatles, primeiro timidamente, logo eu comecei a cantar com ele, e daqui a pouco estávamos assobiando, sorrindo, sumindo na escuridão daquela noite. O Festival era passado, que viessem outros. A música era essa que lhes envio. Como não sabíamos a letra inteira, embromávamos, e isso era o suficiente.
Rocky Racoon (Beatles)
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http://www.youtube.com/watch?v=wNRH7_Kd5Yc
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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