Era um sábado chuvoso no início dos 1980. A Bandanarquia tinha sido convidada para tocar na formatura do pessoal do Colégio Maria Auxiliadora. Lá fomos nós. O Dodge Polara do Sérgio cheio de caixas e amplificadores. O Geleca azul da Josélia com outros badulaques. Aquela tralha toda carregada para o palco, montada, afinada, tumbadoras, bateria, violão, baixo, guitarra, voz. Nervosismo, o auditório lotado. O Nelson era o mais animado e aparentava uma tranqüilidade enorme. Tinha se produzido para o grande show: óculos escuros fantásticos, tênis, calça, camiseta, tudo colorido, bem na estética daqueles anos esquisitos. Mas nada deu certo. O pessoal do som, e o próprio som, era muito ruim. Ninguém conseguia ouvir o que a gente cantava. O Nelson se esguelando, Paulão batendo forte nos tambores, o Cesar na percussão, Régis (o animal) fazendo a festa na bateria... e nada. Só microfonia, silêncio e...vaias, um montão delas, num crescendo terrível. De repente um grito de “Fora, fora, fora”. Pegamos nossas coisas diante do auditório lotado e inamistoso. Saímos para a rua, embaixo da chuva, carregando amplificadores, instrumentos e o orgulho ferido. Talvez tenhamos sido vistos pela madrugada comendo um hot dog vulgar.
Barrados no baile (Eduardo Dusek)
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http://www.youtube.com/watch?v=nthqY0s8h0E
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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