A praça da QE 19 estava lotada. Um alvoroço danado, pois rolaria algumas apresentações. Corria o ano de 1983 e pelas caixas de som a voz de Fredy Mercury ameaçava "We will rock you". Havíamos sido convidados para tocar e estávamos bem animados. O evento fazia parte do que, ainda hoje, se chama praça de lazer (ou rua de lazer). A administração do Guará fecha a praça ao tráfego de automóveis, promove gincanas, jogos, brincadeiras e apresentação de artistas da cidade. A Bandanarquia estava pronta para a festa. Eis que, nos bastidores, alguém nos avisa: o pessoal do Nardeli está todo aí. A priori ficamos naquela de "E eu com isso?". O informante alerta: "Vocês vão levar o reggae do jegue, não vão?". O Nelson olhou pra mim, que olhei pro Zé, que olhou para todo mundo. E aí ? Cantamos? Melhor não cantar, pode dar rolo. Os caras podem não entender a brincadeira. Melhor não. Cantamos sim, porra, nada a ver, vamos cantar sim. Devo explicar que essa insegurança toda devia-se ao fato de que o tal reggae era, na verdade, uma espécie de brincadeira musical em forma de fábula. Alguém já ouviu uma fábula-raggae? A música conta a história de um jegue regueiro que é apaixonado por uma jumenta punk. Pronto. Bastou para imaginar uma reação destemperada do pessoal do Nardeli, notórios rastas-regueiros do Guará 2. Subimos ao palco, o dito cujo nas mãos, seja o que Deus quiser. Nos primeiros acordes em menor já deu pra perceber que a qualidade do som alugado para o evento era muito ruim e isso diminuia em muito a chance de a gente apanhar, pois ninguem iria entender mesmo o que a gente estava cantando. Puxávamos o refrão, e a galera ia atrás: Pio-lho-lho....pio-lho-lho...O show foi um sucesso. O pessoal do Nardeli dançou a massa do reggae que a gente despejava pela tarde.
O raggae do jegue (Léo)
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http://www.youtube.com/watch?v=WEmMUqoF230
sábado, 1 de maio de 2010
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