sábado, 8 de maio de 2010

Mulheres loureiras




Evóe, Léo!

Sensacional essa do Brijuí. Uma das melhores da série.

Brijuí....Eu chegeui a pensar que esse nome era um sinônimo de priquita (rs).

Você percebeu o enorme potencial poético dessa tua (dela) frase: "No Brijuí, todo homem se perde"?

Bom, não achei nada sobre o Brijuí, nem associado a Jataí. Mas achei Brejuí, que é uma localidade em Currais Novos (RN), onde há uma mina de shellita, mineral rico em tungstênio.
Bom, o nome dessa localidade vem do Tupi-Guarani "Ibira-ju-i", que significa "Rio dos loureiros", conforme o Dicionário de Palavras Indígenas do Clóvis Chiaradia. E loureiro é uma árvore, como se sabe, cujas folhas dão um famoso tempero. Já loureira,segundo o Houaiss, é:


 substantivo feminino
1
que ou quem procura agradar, seduzir (diz-se de mulher); coquete
2
Uso: pejorativo.
m.q.
meretriz

Há nisso tudo uma enorme coincidência ou um caminho tortuoso pelo qual, entre corrupções e associações, chegou-se ao nome "Brijuí" para a zona de Jataí. Mas como não nos interessa uma investigação científica, e sim uma descoberta poética, poderíamos explorar o tema numa letra.

Fiz um poema, que pode ser dilapidado para a construção dessa canção. Olhe só:

“No Brijuí, todo homem se perde”,

Me dizia minha avó, perfumando a roupa de seu homem.

No Caminho tortuoso que leva àquela mina,

Tudo se some, eu vim a descobrir:

O tempo tortuoso é sumidouro de homens,

Corruptor de palavras e de nomes.

A minha era magrela e quieta, gorda e loureira, a de meu camarada.

E na casa de beira de estrada,

À luz vermelha de uma sala,

Encontrei o amor de perdição.

Os primeiros louros me cingiram a fronte,

E me anunciaram o fado de poeta,

Mas a magrela me fez ir, contente desse breve enlace.

Eu, talvez pensando que deixasse um antro,

Na verdade, abria as portas para o labirinto:

Ah! O corpo de tantas mulheres

E o engano das palavras, sempre-pontes para mais palavras para mais

mulheres para mais palavras...


No Brijuí, todo homem se perde

No Brejuí, todo minério acende a lâmpada que esconde

No Ibira-ju-í, a flor do louro cinge os lábios de um rio imorredouro."


Copiem o link da janela "marcadores", para curtir um clássico do bordel, já que eu não consegui aplicar o endereço no local adequado.


Um comentário:

  1. Vocë conhece o "Poema com putas", do Marçal Aquino? A sua versão lírica do Brijuí ficou tão linda quanto o poema do Aquino. Eu te confesso que tem sido intencional certos tons das crônicas que tenho escrito e você pegou bem o manto de lirismo que tenho tentado impor a narração de fatos triviais da minha (da nossa) vida. Nao sabia de toda essa carga semantica (etimologica e o escambau) do termo brijuí e nao acredito em coincidências, prefiro a sincronicidade junguiana. A pracinha do Brijui em Jataí é real (pelo menos era, nao sei se ainda existe, creio que nao). Era um lugar decadente, marginal mesmo, ficava meio na beira da cidade, perto um setor de oficinas (a do meu tio era a maior delas). Numa praça quadrada, havia, em todos os lados, pelo menos uma casinha com uma luz vermelha na porta, acredita? Na praca perambulavam homens querendo se "perder".
    Cara, adorei o poema, e vou tentar botar uma musica...se conseguir fazer algo a altura dos versos.

    ResponderExcluir